A ética na política. O político e o eleitor.
Ser ético é saber respeitar regras, preceitos, valores, princípios de conduta, a moral de uma sociedade. Infelizmente, alguns brasileiros que resolveram nos representar, têm demonstrado tamanha falta de ética que jamais se podia cogitar antes das eleições. Esses "representantes" vendem uma imagem imaculada ao eleitor. Prometem mudanças, atitudes, seriedade, honestidade, transparência... Mas esquecem as promessas de campanha, feitas nos palanques, em discursos inflamados e emocionados, que você, cidadão de boa-fé, acreditou e confiou.
Sabemos que o povo brasileiro está cansado de tantas desilusões, sem esperança no amanhã. Diante deste quadro ficamos atordoados e desiludidos. Em cada eleição, uns saem a pregar o voto nulo, outros, o voto em branco, outros, o protesto silencioso. Essa é uma visão muito passional, que não ajuda em nada. É preciso racionalizar. Quem nos representa no executivo e no legislativo são os políticos aos quais outorgamos procuração através das urnas. Eles sabem que o voto dado pelo eleitor numa eleição pode não ser ratificado na próxima, se o mandato não foi satisfatório. Portanto, o voto é o instrumento legal que o cidadão dispõe para afastar os maus políticos. Há candidatos que nas eleições, movimentam uma estrutura de campanha de fazer inveja a qualquer empresa, daí que o eleitor deve redobrar a atenção com esses políticos que ostentam poderio econômico desmedido (panfletos, placas, anúncios por toda a cidade, etc). Campanha cara tem um custo que vai muito além das cifras.
Em que pese à flagrante ausência de ética no meio político, o cidadão não deve abandonar o direito do voto. O voto é o seu instrumento para separar a política da politicagem, o trabalho sério dos oportunistas, a seriedade do mau caratismo. Esse instrumento precisa ter memória. Não feche os olhos para os fatos, não esconda debaixo de tapete o que parece uma pequena sujeirinha - ela sempre estará lá. Não reconduza ao mandato aquele que mentiu que desviou verba, que empregou os parentes, que beneficiou somente os amigos, que recebeu dinheiro público, favorecimentos, contratos ou mensalão. Não se esqueça das CPIs, não se esqueça das fraudes, saiba o nome de quem te representa. Não dê outra procuração a quem assume o cargo com uma renda de classe média e sai de lá com fazendas, cobertura, jatinhos, contas em paraísos fiscais. Dinheiro não cai do céu e você, que trabalha metade do tempo para pagar seus impostos e a outra para alimentar sua família, sabe muito bem disso. Não se deixe levar por um discurso, por um presente, por um favor. Tenha percepção e confie na sua intuição. Exerça a sua cidadania. Se você escolheu mal e errou, paciência, pois errar é humano; mas não insista no erro, isso é burrice.
Recente pesquisa, poucos eleitores se lembram em quem votaram na última eleição para Deputado Federal, o que dirá para Vereadores. Em termos de políticos, é nos municípios que possuímos maior contato com os parlamentares, especialmente com os Vereadores. Muitos de nós quando depositamos o voto na urna acreditamos que estamos elegendo o melhor vereador, para tanto saímos de lá convictos que fizemos a nossa parte, mas infelizmente não é bem assim. Depois das eleições, observamos que o político que ajudamos a se eleger não reside próximo de nossa casa, sequer no bairro onde vivemos, pior ainda, não possui nenhuma identificação com a zona em que residimos, vale dizer, está noutra direção. Portanto, quando for eleger um edil observe se ele é um parlamentar conhecido, tem alguma identificação com a comunidade. Se já eleito, se ele apresenta projetos de interesse social e coletivo, mas, sobretudo, que atenda aos anseios do teu bairro. Perdoem-me o senso crítico em relação aos políticos, mas nós podemos mudar, a iniciar pela valorização do voto útil, fazer valer o instrumento que possuímos em nossa mão. Portanto, faça a sua parte que eu já estou fazendo a minha, votando em quem conhecemos que depois da eleição, possamos chegar nele e cobrar o que prometeu.
José Vendruscollo
Advogado
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